Coluna da Jô – 12/04/11
Oi gente!! Tudo bem com vocês? Pensaram um pouquinho no tema proposto da semana passada? O Público x Privado? Como você leva a sua vida?
Bom, infelizmente, o assunto dessa semana, é o massacre numa escola Municipal do Rio de Janeiro. Não dá para evitar esse assunto; não dá para fingir que já passou. Como mãe e professora, não consigo ficar indiferente. Portanto, antes de começar as minhas reflexões, gostaria de convidá-los a ler o texto abaixo, da jornalista da Folha de São Paulo, Eliane Cantanhêde. Na minha opinião, a melhor análise feita até agora. Depois do texto, começarei as minhas indagações e reflexões....Vamos lá:
Frio na espinha
BRASÍLIA - Ao nascer, importou o nome de Wellington. Ao morrer, importou expressões religiosas estranhas à vida dele e o método norte-americano de ataques desesperados e assassinos contra dezenas de crianças inocentes numa escola onde um dia estudou -e sofreu sabe-se lá o quê, de quem.
De nada adianta, porém, reduzir a tragédia ao drama pessoal e aos demônios de Wellington. Como de nada adianta endeusar o policial que puxou o gatilho e encerrou a matança. Há muito mais em jogo.
Que o rapaz assassino tinha transtornos mentais, é óbvio. Daí a chamá-lo de "animal" e "psicopata" é jogar adjetivos fora. Ou jogar para a platéia. Tanto quanto classificar de "herói" quem foi treinado para situações e assim cumpriu adequadamente seu dever.
Se há heróis numa tragédia como essa, são as dezenas de anônimos que se dispuseram a passar horas numa fila para doar sangue e ajudar a salvar as pequenas vítimas feridas estupidamente.
O mais importante, porém, é não deixar passar o dia 7 de abril de 2011 em branco. É preciso tentar entender o que se passa nas escolas brasileiras, que tipos de violência e humilhação Wellington sofreu pela vida afora e como a família adotiva e as pessoas próximas não viram se aproximar o tsunami de dor, desamparo e violência.
E é preciso, mais do que tudo, descobrir a origem da arma e o seu roteiro até chegar às mãos de um rapaz doente e, afinal, perigoso.
Onde, como, de quem, quando, por quanto e com que facilidade ele comprou aquela arma para trucidar meninos e, sobretudo, meninas? E você que votou a favor do armamento, o que está sentindo?
O momento é de dor nacional pelas crianças mortas e feridas e por seus pais, mães, irmãos, irmãs, parentes e amigos. Uma dor que remete aos massacres nos EUA. Depois que começaram, na década de 1960, nunca mais pararam. Dá um frio na espinha. E na alma.
De nada adianta, porém, reduzir a tragédia ao drama pessoal e aos demônios de Wellington. Como de nada adianta endeusar o policial que puxou o gatilho e encerrou a matança. Há muito mais em jogo.
Que o rapaz assassino tinha transtornos mentais, é óbvio. Daí a chamá-lo de "animal" e "psicopata" é jogar adjetivos fora. Ou jogar para a platéia. Tanto quanto classificar de "herói" quem foi treinado para situações e assim cumpriu adequadamente seu dever.
Se há heróis numa tragédia como essa, são as dezenas de anônimos que se dispuseram a passar horas numa fila para doar sangue e ajudar a salvar as pequenas vítimas feridas estupidamente.
O mais importante, porém, é não deixar passar o dia 7 de abril de 2011 em branco. É preciso tentar entender o que se passa nas escolas brasileiras, que tipos de violência e humilhação Wellington sofreu pela vida afora e como a família adotiva e as pessoas próximas não viram se aproximar o tsunami de dor, desamparo e violência.
E é preciso, mais do que tudo, descobrir a origem da arma e o seu roteiro até chegar às mãos de um rapaz doente e, afinal, perigoso.
Onde, como, de quem, quando, por quanto e com que facilidade ele comprou aquela arma para trucidar meninos e, sobretudo, meninas? E você que votou a favor do armamento, o que está sentindo?
O momento é de dor nacional pelas crianças mortas e feridas e por seus pais, mães, irmãos, irmãs, parentes e amigos. Uma dor que remete aos massacres nos EUA. Depois que começaram, na década de 1960, nunca mais pararam. Dá um frio na espinha. E na alma.
Depois dessa brilhante análise dessa extraordinária jornalista, gostaria de convidá-los a pensar um pouquinho sobre essa tragédia. Sem apelos, sem tomar lado ou partido. Apenas pensar e refletir.
Que a internet proporciona maravilhas e lixos culturais e perigosos, todos nós sabemos. Que desde o começo da década de 1990, a informação tornou-se um bem distribuído em tempo real e com amplo alcance, todos nós sabemos. Mas talvez, por morarmos longe do Hemisfério Norte, achávamos que as tragédias que se perpetuavam em escolas americanas, não nos atingisse. Mero engano. Era apenas questão de tempo e oportunidade, até que a violência (e não duvido que mais dia, menos dia, o terrorismo também), chegasse às terras tropicais do Brasil. Mas, como diz a jornalista Eliane Cantanhêde, tratar o episódio como se o assassino fosse um monstro, que a internet proporcionou o ligamento dele com pensamentos extremistas islâmicos, isso é reduzir o assunto para baixo do tapete.
Em primeiro lugar, Islamismo não é sinônimo de violência ou terrorismo. Só quem é muito ignorante pode acreditar nisso. O Alcorão não prega nada dessas coisas. O que acontece, COMO EM TODAS AS RELIGIÕES, é que grupos de pessoas interpretam um livro sagrado, tirando conclusões para o proveito próprio.
Em segundo lugar, dizer que a internet, que o computador, que a televisão motivou a violência, é uma grande besteira. Eu estou aqui conversando com vocês, via internet e nunca matei ninguém, nunca tive surtos psicóticos...Se o rapaz se baseou no exemplo de outros garotos americanos, ele bem que poderia ter se inspirado na violência urbana do Brasil, por exemplo.
Mas então, o que aconteceu?
Em primeiro lugar, a questão do arma. Quem vendeu essa arma? Como o rapaz conseguiu a arma? E a questão do desarmamento? Eu nem vou entrar nesse assunto, porque eu acho que ele é polêmico, e eu ainda quero me concentrar em outro aspecto dessa questão.
A minha pergunta é a seguinte: cadê os pais dos criminosos? Criminosos? Sim! No plural!!!! Criminosos são aqueles que venderam as armas, aqueles que agrediram o rapaz assassino com “bullying”. Sim, porque ninguém se torna assassino da noite para o dia. Esse rapaz foi, ao longo dos anos, vítima dos colegas da escola. E os pais desses meninos? Nunca ensinaram aos filhos que não se deve menosprezar os outros, que todos merecem respeito? E a família do assassino? Nunca percebeu nada de anormal?
Estranho, muito estranho. Enquanto as famílias, os indivíduos, a sociedade tiver essa mania da “Lei de Gérson” , de se levar vantagem em tudo, a vida será mesmo palco de tragédias. Porque enquanto as pessoas acharem que podem fazer tudo e não serem punidas, que eu tenho direitos e não deveres, enquanto os pais e familiares (pois não é função da escola isso!!) continuarem a serem omissos, não educando seus filhos para conviverem com as diferenças, as frustrações, sem preconceitos e respeitando o próximo, essas tragédias irão acontecer.
E o que a família desse assassino e desses rapazes irão dizer para os pais e familiares das crianças que morreram? Sinto muito? Me desculpe? Ou talvez, olha eu sinto muito, mas a culpa não é minha se meu filho é preconceituoso, ou, a culpa não é minha se meu filho puxou o gatilho. Essa dor, para esses pais, nunca vai acabar.
E termino com a seguinte reflexão. Existe uma lenda que diz que quando morremos, Deus nos pergunta: “fulano, o que você fez com o meu filho, aquela criança que eu te confiei e você criou como sua? Você o tornou um homem de bem?”
E eu convido a todos aqueles que são pais e que aqueles que um dia serão, a meditar sobre isso: o que estamos fazendo com nossos filhos? O que fizemos com eles? O que faremos com eles?
Até a próxima semana. Que Deus dê forças para as famílias dessas crianças.
Inté!
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