Coluna da Jô

Coluna da Jô

Oi gente! Como passaram a semana? Gostaram do texto sobre ansiedade? Querem dizer algo, fazer um comentário? Sintam-se à vontade. A casa é de vocês.

Nessa semana eu gostaria de refletir com vocês sobre algo que me incomoda e que com certeza, deve incomodar muita gente. Talvez até mesmo você: a pressa. Você deve estar se perguntando: que pressa? Como assim? Pressa do quê? De quê?

Bom, a pressa....Aposto que você deve estar com pressa para saber sobre o que é esse texto e sobre o que eu vou escrever mais abaixo, não é mesmo? Pois eu lhe digo: calma! Já vou explicar! Não tenha pressa...

Vamos lá: vivemos num mundo apressado. Se você sair à rua de uma cidade grande, com mais de 100.000 habitantes pelo menos, o que você vai ver? Carros andando depressa, pessoas com expressões preocupadas andando rapidamente, gente falando ao celular e andando ou, o que é muito pior, falando ao celular e dirigindo o carro apressadamente....Já perceberam que todo mundo está perdendo a hora? Sempre estamos atrasados. Atrasados para chegar à aula, ao serviço, à ginástica, ao médico, ao jantar, à festa, etc. Atrasados na entrega de trabalhos, para pegar o filho na escola, para pegar o ônibus, para ir na casa de alguém, para entregar essa coluna ao blog (risos!), sempre atrasados...Por quê? Você já se fez essa pergunta? Por que vivemos atrasados, se a grande maioria de nós acorda bem cedo e vai dormir muito tarde? Por quê?

Resposta? Não, respostas! E muitas: o despertador não tocou, caiu café na roupa, tive que trocá-la e atrasou tudo, filho esqueceu a lancheira na mesa, tive que voltar e pegar, o trânsito estava péssimo (e quando esteve ótimo? Talvez na década de 1970, no século XX), o telefone tocou, o carro quebrou, tive uma dor de dente, de cabeça, de barriga, alguém me chamou, etc. Ufa! Com tantos contratempos, não sei como a cabeça ou o coração da gente não explode (alguns explodem literalmente). Mas se o coração e a cabeça não explode, o humor e o emocional, literalmente, morrem....Vou tentar explicar:

Vivemos numa sociedade dinâmica, interconectada, com acesso à informações reais 24 horas por dia. Até aí, nenhuma novidade. Internet, telefone celular, ipod, ipad, mp3,4...9, GPS, TV à cabo, e tantas coisas...Uma overdose de informação diária. O problema, a meu ver, na verdade, “os problemas” são dois: 1. O cérebro não processa tudo tão rápido na velocidade em que a informação chega (lembra daquele seu amigo que faz 10 anos que você não vê, mas que te achou no Facebook e te indicou uma comunidade no Orkut? Então, ele casou e teve uma filha. Mas o cachorro dele tá concorrendo à um prêmio de “yorkshire mais bonito da internet”. Não se esqueça de votar on line, ok?). Entendeu? E esse é só um dos muitos exemplos. O outro problema, o de número 2, é: como as informações não chegam rapidamente, elas voam rapidamente, ou melhor, se materializam do nada rapidamente, a sociedade, o amigo do Facebook, o yorkshire modelo, ESPERAM que você responda aos estímulos de maneira rápida. Ou seja, em questão de 10 minutos você deve ser capaz de:

1.enquanto está lendo essa coluna, deve responder à solicitação de amizade do seu amigo no Facebook (se você demorar a responder é falta de educação virtual);

2.entrar na tal da comunidade e esperar ser aceito;

3. votar no cãozinho;

4. responder aos e-mails que não param de chegar na sua caixa de entrada (na maior parte arquivos PPS sobre o valor da amizade; e eu ainda vou escrever uma coluna só sobre os arquivos PPS que eu já recebi na vida. Aguardem);

5. atender ao telefone;

6.enviar um torpedo pelo celular;

7.desligar o Messenger, porque com ele ligado você não faz nada;

8. ligar no médico e marcar uma consulta;

9. ligar no dentista e desmarcar a consulta, porque não vai dar tempo;

10. fazer a lista do supermercado;

11. lembrar de pegar o filho mais cedo na escola;

12. pagar as contas na internet;

13. religar o Messenger e perguntar para sua cara metade: “oi amor. Vc me ama L????”

14.Fazer o trabalho para o curso (hoje é o último dia)

15. Esqueci...Ah! Claro! Trabalhar!

E agora: entendeu de onde vem a pressa? Em meros 12 minutos você é obrigado a fazer 15 tarefas diferentes. Resultado: estresse, dor no corpo, na nuca, falta de ar, taquicardia, crises de ansiedade e até depressão. E olha, só to falando daquilo que você faz na frente do computador....E em casa então? Cuidar da casa, ou melhor, GERENCIAR uma casa, marido, esposa, namorado, namorada, filhos, cachorros, gatos, etc. Não é tarefa fácil. E todos, todos cobram eficiência e rapidez.

Resultado: violência no trânsito, pessoas mal- educadas na rua, no comércio, nos atendimentos, e até dentro de casa. A pressa é uma doença crônica. E mata.

Por isso se você leu esse artigo até aqui, eu tenho um pedido: pare agora, respire fundo 3 vezes e feche os olhos. Seu cérebro agradece. É uma pausa, um descanso. E na próxima vez que levar uma fechada no trânsito, sorria. A pessoa que lhe deu a fechada vai te achar louca, mas você vai se lembrar: “o coitado esqueceu de fechar o Messenger, ou tá indo buscar o filho na escola.” Respire e desacelere se não quiser ficar doente com a doença moderna da pressa!

Inté!