De um tempo para cá tenho começado a perceber um fato profundamente perturbador e instigante: como é possível que o corpo sofra tanto com os embates da alma? É assim tão íntima e interligada a relação entre ambos? Pode algo intangível possuir semelhante poder sobre a matéria?...Dores e aflições de todo tipo assolam a carne enquanto a alma permanece nas sombras, reflexo do desequilíbrio e da angústia de que ela é vítima: perturbações inúteis, dúvidas vãs, ansiedades desnecessárias, mágoas desgastantes... É um padrão doloroso, constante, desestruturador e purificador ao mesmo tempo, pois se no início aparentemente nos aniquila, no fim do processo nos sentiremos ressuscitados, renovados fisicamente, reformulados psicologicamente e fortificados para enfrentar o próximo desafio.
Normalmente - e tenho a mim mesma como prova - corpo e alma adoecem ao mesmo tempo e ao mesmo tempo se curam, o desequilíbrio de uma derruba o outro e o paralisa, deixando a vida numa espécie de limbo até que o espírito recobre a lucidez e a clareza. E o mais espantoso é que não existe nenhuma forma de separá-los, de disfarçar, de enganar, de ignorar a situação, por que o corpo é, verdadeiramente, o espelho da alma, e não consegue escapar à sua influência... Por isso, estou começando a acreditar que a morte da fé e da vida espiritual pode significar, afinal, a morte do corpo.
Crônica por: Paz Aldunate (professora, dramaturga e escritora em Ibiporã/PR).
Fonte: Jornal Folha de Londrina, pg 3 do caderno Folha 2, de 27/04/2011.
Concordo com você em gênero, numero e grau. Quando sua alma esta doente em tudo se reflete isso. E essa doença é muito difícil de curar, talvez por que depende praticamente de só vc. Simplesmente as vezes você não quer a cura. A mente humana é uma caixinha de surpresas, e surpresas nem sempre são boas.
ResponderExcluirAMEI seu texto, ele diz muito.