O caminho do "liberar geral"
Perigoso caminho vem sendo trilhado por cidadãos do mundo pós-moderno. Habitam o ser humano um anjo e um demônio, a consciência ética responsável e o sentido perverso do arbitrário. Nunca um dos pólos dominará totalmente o outro. Nalgum momento, o anjo ou o demônio reprimido ou supostamente derrotado de maneira total faz ouvir sua voz e sentir sua presença.
A via do "tudo vale" pretende silenciar em si qualquer resquício ético externo e transcendente em favor do próprio gosto, gozo, arbítrio. Para o sujeito-indivíduo, tudo é igual, desde que o queira e lhe agrade. A questão se transfere unicamente para a esfera da decisão pessoal, sem nenhum referente externo. Nada e ninguém de fora avultam como instância normativa ou crítica do próprio comportamento. Tudo vale, desde que se tenha prazer. Cooptam-se os pequenos desejos de felicidade banal da gente contemporânea.
Caminho da subjetividade extremada, do prazer dos sentidos, liberar geral. Impõe-se a tirania do prazer. A questão fundamental de tal caminho resume-se no equilíbrio da tensão entre a vida dos sentidos e o desejo ilimitado. Trata-se de manter o equilíbrio entre vida saudável e o império dos sentidos voltados para o prazer.
Perverte-se a transcendência. O desejo de infinito não se realiza em Deus nem na imanência da sabedoria do amor, mas se reduz à mais vulgar satisfação dos próprios instintos. Facilmente a via sôfrega de prazer conduz à droga para intensificar as sensações gostosas do presente. O impulso de transcendência não impele para cima, nem para além da história, mas para dentro da intensificação da experiência. Associam-se facilmente a violência, aventuras desmedidas, o esporte radical, que refletem a insuportabilidade do limite humano.
[por J.B Libanio]
Fonte: O Domingo - Semanário Litúrgico-Catequético; Ano B, nº 58, Remessa XVI.
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